sábado, 31 de outubro de 2009

O fleuma incandescente

Entregou-se há muito tempo
A uma postura fria
Fartou-se logo
Da jornada prosaica e inócua da vida

Encontrou a linhagem de uma classe dominante
Não em seu sangue, mas no pensamento
Uma aristocrática superioridade
Compartilhada por opressores despóticos

Sentia-se um rei misturado à podridão
Dos escravos miseráveis e doentes
Maculado com a merda e a estupidez
Daqueles que servem a um mestre ilusório

Fez-se frio e indiferente ao miasma acre
Que brotava daqueles cérebros cancrulentos
Mas não podia mais suportar o cortiço imundo
Daqueles que deveriam estar o servindo

Como outros imperadores solitários que calculam friamente
Sua ascenção ao poder de forma lasciva e cruel
Absteve-se da vida vazia e limitada dos sans culottes subservientes
E entregou-se resolutamente à natureza de predador

Mas seus humores doentes, infectados
Pela praga causal da exposição ao submundo
Lhe inflingiram um castigo terrível
O desprezo pela própria existência anônima
O fez atirar-se a um oceano estático

Pântano lodoso, negro como sua própria bile
A estupefação dos vícios sensoriais
E o vôo de Ícaro sob a luz da Revelação
O fizeram mergulhar pesadamente
Nas águas tenebrosas da loucura
Inerente a seu espírito anômalo

Quando não fuma, bebe
Entrega-se facilmente às tentações
Mundanas e ilusoriamente transcendentais
Deu um golpe em seu próprio domínio
E escravizou a própria mente

Revoltado com a condição decadente de
um anjo maldito caindo de um paraíso perdido
e artificial
Devotou-se cruelmente à calmaria calculista dos líderes
Bárbaros do passado

Ainda em meio à vulgar existência fragmentária
Ele espera, contendo um turbilhão de cólera
Preparando suas presas para um abate voraz
Quando o líder nato troçar dos falsários
E lhes impuser um trágico fim, consumido pelo fogo da ira.





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