domingo, 21 de fevereiro de 2010

Fim

ADDENDUM 22/03/2011

eis aqui o campo desolado que uma alma trilhou. qando lhe caíram os véus e contemplou as entranhas podres à sua volta e no seu interior, não suportou o choque. sua mente desabou, regurgitou suas ilusões natimortas e as substituiu por uma mais terrível ilusão. eis o que aconteceu ao se reconhecer na podridão da decadência humana, como poderia esta alma sentir o peso de toda a negatividade de uma raça e permanecer são? seus particulares infernos eram visões da tenebrosa realidade humana, em sua pior época, numa torre babélica de atos vis que se empilharam e atropelaram pelas eras, manifestações de idéias ancestrais demais para poderem viver em sua forma original. se tal fosse possível, a realidade seria uma concepção enlouquecedora demais para qualquer forma de vida consciente. ele permitiu canalizar como um obelisco negro toda aquela repugnância e isso não pôde deixar de infectar seu espírito encarnado em tão jovem vaso. foi uma regressão a tudo o que havia experienciado desde a gênese de sua alma nos aspectos perturbadores que lhe escarificaram. absorveu o ódio auto destrutivo contra tudo aquilo que sob seus olhos estava coberto de tripas inertes e vermes de uma realidade estéril. a onipresença da queda e da morte, o desejo irracional pela destruição, tudo isso era a vontade de libertação. por mais que tivesse acreditado inocentemente ter matado seus resquícios de esperança, o impulso primal de todo ser é sobreviver. toda essa queda instigou aquele intelecto a perscrutar paisagens mais estranhas, idéias mais mirabolantes, delírios ocultados e nomes sussurrados. foi quando a avalanche dos corpos atingiu o ponto de quebra com aquela realidade. a serpente que se desenrola do centro da mente fez seu bote certeiro para fora daquela prisão mental que era tal visão de mundo. a vista rápida de algo que ultrapassa a noção de realidade numa multiplicidade infinita de existências o fez perceber que assim como tudo aquilo que contemplou na escuridão de seus abismos eram imagens refletidas num espelho quebrado no tempo. as sombras não tinham mais poder sobre sua alma, asas de ouro destruíram as correntes e a mais velha das ilusões vampirescas foi estilhaçada. há algo muuito manior, que muitas vezes escapa à compreensão humana. enquanto se encontra em seu manto de mistério pode assumir formas fantasmagóricas, mas é papel da mente exploradora não temer os espectros da morte, nem tampouco deixar que eles o parasitem. todo este caminho trilhado foi uma passagem, simplesmente. horizontes extraorbitais aguardam.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Fhtagn

"The most merciful thing in the world, I think, is the inability of the human mind to correlate all its contents."
- H. P. Lovecraft




O despertar é anunciado pelos astros no firmamento
A soberania da serpente se mantém arrastando os milênios
Deuses em carne humana, filhos de aberrações terríveis
Sua ferocidade gélida é a herança dos eternos

Monolitos demiurgicos erigidos para imperar sobre o tempo
Mortos eles vivem sem nunca ter nascido, inertes e altíssimos
Eles habitam lugares além do espaço, antigos como o nada
Senhores da criação e da destruição, manipulam o oblívio

Nos sonhos de suas criaturas eles anunciam sua vontade implacável
Os sussurros do abismo usurpam a sanidade das crianças
Mortalidade anulada, os signos da perdição florescem
Os filhos do réptil cumprem seu papel e dominam sobre os rebanhos

Rios vermelhos frios como o gelo são a quintessência dos reis
Eles fluem brutalmente pelas urbes dos mais magníficos impérios
A semente do dragão é destilada e fecunda os vasos do sacriício
Em orgias ritualísticas e banquetes dionísicos, o legado continua

O olho tudo observa, oblíquo e voraz, penetrando os sonhos do vivos
O obelisco ancião impera contínuo no estandarte invisível do tirano
As eras contam seu trajeto infinito na areia do tempo oriental
E no ocidente os filhos da serpente trarão um fim a esta realidade

Os deuses da imensidão negra se posicionam para o fim
Sua eterna dança elíptica anuncia o cataclismo de mais um ciclo
Além das constelações jazem aqueles mais velhos que a matéria
Quando o olho se abrir no centro da espiral galática, eles despertarão

A pulsação da nebula estremece as almas e devora a esperança
O rugido onipotente do caos primordial apagará todas as luzes astrais
Os reptilianos convergem em sua ascenção milenar de poder
Celebrando o último solstício de inverno e a volta do inominável

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Midnight Black Earth

As notas rastejam sobre minha pele, me excitam, me corroem. O hino sem voz dos condenados é arranjado pelos músicos fantasmas. As labaredas da estação me oprimem, languidamente me enfraquecem. A peça maldita, fruto ilegítimo da loucura dos prisioneiros. Eu os ouço na escuridão, no isolamento decrépito, também devo ser um condenado. O vinho infla minha razão e desafia as noções do criador. Amarga poção lenitiva , elixir dos prazeres mais hedonistas, templo de Baco e palácio do absoluto. A batida constante conta os momentos melancólicos que antecedem o desconhecido. A noite escorre, selvagem, calma, com a fleuma da tempestade. Na terra negra do solo preto e vulcânico, os monolitos cinzentos e obeliscos de vidro, vias infinitas e turbulentas, monstros mecânicos em movimento acelerado. A fumaça, intoxicante e sensual, serve de neblina nesta noite quente em que as sombras caem, em pingos sucessivos, no abismo do tempo e do corpo. O pulsar sanguíneo da percussão dita o tom fúnebre da fanfarra inerte. Nada se move, os halos de luz brilham fantásticos sobre a podridão do pavimento. Bombas de neón explodem na periferia de seu horizonte, ofertas voluptuosas de carne, sangue e ganância. A traição fria como o cano do revólver, que esquenta com a cólera do disparo e sepulta todo o peso do ódio no crânio do infeliz. Os templos conservados entre os bordéis, espinhas do inferno que perfuram o solo negro, santuários da salvação eterna e reino dos escravocratas de almas, conduzem o rebanho espiritual para o mais macabro matadouro, oh, os horrores satânicos, volúpias celestiais. Um monstro acaba de dilacerar uma jovem na avenida principal, seus restos mortais se encontram nas ferragens do estômago da besta, que ainda conserva a chama de seu combustível a consumir a adorável cabeça da mocinha, transformando seu lindo rosto de Venus na crapulosa caveira negra consumida pelo inferno. Dentro da quimera, um carrasco podre e degradado, uma garrafa de vodka na mão e as calças abaixadas. Não esporrou, mas vomitou seu sangue sobre a cabeça já lacerada do travesti que lhe cedia seus serviços. Nas entranhas da fera, essas se confundem com as da presa. O sangue e o metal retorcido pelo fogo compõe esta pira urbana e pagã, uma homenagem solene a estas quatro vítimas da catastrófica ordem natural. Quatro? Sim, o feto esmagado que ocupava o útero da moça devorada encontrava-se fritando sob o motor imperioso da máquina. Doce quase criança, aberração ainda não formada. Um bom prato para o sinistro celerado que observa tudo na esquina com um sorriso vacilante e agita seu membro sob a capa. Os gritos dos inocentes e dos miseráveis que padecem sob a brutalidade implacável do cotidiano babilônico ecoam timidamente mesclando-se ao tumulto da metrópole. Servir e proteger, vigiar e punir. Os suínos crapulosos patrulham as vias em busca de suas próprias vítimas. O respeito do metal da insígnia é assegurado pelo metal da pistola, a Justiça impotente largou sua espada e a balança serve para pesar sua dose de heroína. Um milagre urbano, porra de deus! A estátua santa sangra numa paróquia o licor infecto da perfídia. O sempre ilustre parricida lambe sua faca e consome o sangue de seu genitor. Messias crucificados em todo poste, sua morte ilumina os caminhos das almas perdidas, seu sangue é a noite, que flui e se esvai, dejeto psicopático que volta ao esgoto. Extasiante atmosfera, quantos são os crimes e desventuras sórdidas que nossa pólis imponente oferece aos seus habitantes. O espetáculo é eterno, a ordem é o caos. Tudo deve perecer, os vermes invadem o concreto... e até mesmo as chamas são negras sob o badalar cruel da meia noite.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Décimo quinto dia de Sodoma



"Permiti-me, senhores", disse, "que interrompa um instante o relato das paixões para vós comunicar um acontecimento que não tem nenhuma relação com ele. Apenas diz respeito a mim mesma, mas como me ordenaste seguir com os acontecimentos interessantes da minha história mesmo quando não cabiam no relato dos gostos, acredito que este é de uma natureza que não deve ser silenciada, Havia muito tempo que na casa da senhora Fournier, tornando-me a mais antiga no seu harém e aquela em quem mais confiava. Era euq uem costumava arranjar os encontros e receber o dinheiro. Essa mulher fizera as vezes de minha mãe, socorreu-me em diferentes necessidades, escrevera-me fielmente na Inglaterra, abrira-me gentilmente a sua casa quando do meu retorno, quando meus problemas levaram a lá desejar de novo exilar-me. Por vinte vezesm emprestou-me dinheiro e muitas vezes nem exigiu que a pagasse de volta. Chegara o momento de lhe provar meu reconhecimento e de corresponder a sua extrema confiança em mim, e ides julgar, senhores, como minha alma se abria à virtude e o acesso fácil que a ela tinha. A Fournier adoeceu e seu primeiro cuidado foi mandar me chamar. 'Duclos, minha filha, eu te amo', disse-me, 'sabes disso e vou provar-te isso pela extrema confiança que vou ter em ti neste momento. Acredito que, apesar de tua cabeça má, sejas incapaz de enganar uma amiga; estou muito doente, estou velha e nçao sei, conseqüentemente, o que vai ser disso. Tenho parentes que vão se jogar sobre minha sucessão; quero pelo menos frustrá-los dos cem mil francos que tenho em ouro nesse cofrinho. Toma, minha filha', disse, 'aqui estão, a ti os entrego, mas exijo que disponhas deles do modo que vou prescrever'. 'Oh, minha cara mãe', disse-lhe abrindo-lhe os braços, 'essas precauções me desolam; elas serão certamente inúteis, mas se infelizmente se tornarem necessárias, juro-vos que seguirei precisamente vossas intenções'. 'Eu acredito, minha filha', disse-me. 'Por isso lancei os olhos sobre ti. Esse cofrinho contém, portanto, cem mil francos em ouro; tenho alguns escrúpulos, minha cara amiga, alguns arrependimentos da vida que levei, da quantidade de moças que tenho lançado no crime e arrancado a Deus. Quero, portanto, empregar dois recursos para que a divindade seja menos severa para comigo: o da esmola e o da reza. As duas primeiras porções dessa soma, que serão de quinze mil francos cada, irão uma aos capuchinhos da rua Saint-Honoré, para que esses bons Padres rezem perpetuamente uma missa para a salvação de minha alma; a outra, do mesmo montante, entregarpas, assim que fechar os olhos, ao padre da paróquia, de modo que ele distribua na forma de esmolas entre os pobres do bairro. A esmola é uma excelente coisa, minha filha, nada como ela para consertar, aos olhos de Deus, os pecados que cometemos na terra. Os pobres são seus filhos e ele ama a todos aqueles que os aliviam; nunca o agradamos tanto como com esmolas. É o verdadeiro modo de ganhar o céu para si, minha filha. Quanto à terceira parte, de sessenta mil libras, logo depois da minha morte, irás entregá-la ao chamado Petignon, aprendiz de sapateiro, na rua du Bouloir. Esse infeliz é meu filho, ele nem desconfia. É um bastardo adulterino; quero dar a esse infeliz órfão, ao morrer, provas de minha ternura. Quanto às dez mil outras libras restantes, minha cara Duclos, quero que as guarde como uma fraca prova do meu apego por ti e para te compensar o trabalho que terás para cuidar do restante. Tomara que essa pequena soma te ajude a encontrar um partido e a deixar a indigna profissão que exercemos, na qual não há salvaçã, nem esperança de jamais consegui-la'. Interiromente encantada por abocanhar uma soma tão boa e muito decidida, por medo de me confundir nas divisões, de fazer um único lote para mim mesma, desandei artificiosamente a chorar nos braços da velha matrona, reafirmando-lhe meus juramentos de fidelidade, e não me preocupei mais nesão com os meios de impedir que um cruel retorno de saúde viesse mudar sua resolução. Esse meio se apresentou já no dia seguinte: o médico receitou um emético, e como eu cuidava dela, foi a mim que entregou o pacote, recomendando usálo em duas vezes, e tomar muito cuidado para separá-lo mesmo, pois eu a mataria caso lhe desse tudo de uma vez só; apenas deveria administrar a segunda dose caso a primeira não surtisse bastante efeito. Prometi ao Esculápio ter todos os cuidados possíveis e, assim que virou as costas, banindo de meu coração tantos sentimentos fúteis de reconhecimento que teriam detido uma alma fraca, afastando todo arrependimento e toda fraqueza, e considerando apenas meu ouro, o doce charme de possuí-lo e as cócegas deliciosas que sempre se sente cada vez que se projeta uma má ação, prognóstico certo do prazer que ela trará, entregando-me apenas a tudo isso, disse, tratei imediatamente de misturar as duas doses num copo de água e apresentei a bebida à minha doce amiga, que, encolindo com segurança, nisso logo encontrou a morte que eu me esforçara por lhe proporcionar. Não posso vos descrever o que eu senti enquanto via minha obra ter êxito. Cada um dos vômitos nos quais sua vida se esvaia produzia uma sensação realmente deliciosa em toda minha organização: escutava-a, olhava-a, estava completamente ébria. Abria-me os braços, dirigia-me um último adeus, e eu gozava, já formando mil projetos com esse ouro que ia possuir. Não demorou muito; a Fournier morreu naquela mesma noite e vi-me dona do pecúlio."



"Duclos", disse o Duque, "diga a verdade: te masturbaste? A sensação fina e voluptuosa do crime alcançou a volúpia?" "Sim, Monsenhor, confesso; e esporrei cinco vezes em seguida desde o começo da noite." "Logo é verdade", disse o Duque gritando, "logo é verdade que o crime tem por si só um atrativo, que independententemente de toda volúpia, ele pode bastar para inflamar todas as paixões e lançar no mesmo delírio que os próprios atos de lubricidade! E então?..." "Então, senhor Duquem nabdei enterrar honrosamente a patroa, herdei do bastardo Petignon, tive o cuidado de não mandar rezar missas e muito menos de distribuir esmolas, espécie de ação que sempre tive em verdadeiro horror, por mais que a Fournier falasse bem disso. Afirmo ser preciso que existam miseráveis no mundo, que a natureza assim quer, assim exige, e que pretender restablecer o equilíbrio é ir contra suas leis, se ela quis a desordem." "O que, Duclos", disse Durcet, "tens princípios! Que felicidade ver os que tens nesse pomto; todo alívio trazido ao infortúnio é um crime real contra a ordem da natureza. A desigualdade que instalou entre nossos indivíduos prova que a discordância a agrada, uma vez que a estabeleceu e que a quer nas fortunas como nos corpos. Assim como é permitido ao fraco consertá-la pelo roubo, também é permitido ao forte restabelecê-la ao recusar seus socorros. O universo não subsistiria um instante sequer se a semelhança entre todos os seres fosse perfeita; é dessa dessemelhança que nasce a ordem que mantém e conduz tudo. É, portanto, preciso evitar perturbá-la. Por sinal, acreditando fazer um bem a essa infeliz classe de homens, faço muito mal a outra, pois o infortúnio é a sementeira onde o rico vai buscar os objetos de sua luxúria ou de sua crueldade; eu o privo desse ramo de prazer ao impedir por meus socorros que essa classe se entregue a ele. Portanto, com minhas esmolas, apenas agradei ligeiramente uma parcela da raça humana, e prejudiquei prodigiosamente a outra. Logo, considero a esmola não somente como uma coisa má em si, mas considero-a ainda como um crime real contra a natureza que, ao nos apontar as diferenças, nunca pretendeu que as perturbássemos. Assim, muito longe de ajudar o pobre, de consolar a viúva e aliviar o órfão, se ajo segundo as verdadeiras intenções da natureza, não apenas os deixarei no estado em que a natureza os colocou, mas ajudarei até suas visadas ao prolongar-lhes esse estado e ao me opor vivamente a sua mudança, e acharei, para isso, que todos os meios são lícitos". "O quê", disse o Duque, "até mesmo roubá-los ou arruiná-los?" "Certamente", disse o financista. "Até mesmo aumentar seu número, uma vez que sua classe serve para outra, e que ao multiplicá-los, se faço um pouco de pena a uma, farei muito bem a outra." "Eis um sistema bem duro, meus amigos", disse Curval. "Dizem, entretanto, ser doce fazer bem aos miseráveis!" "Que abuso", retrucou Durcet, "esse gozo não se compara ao outro. O primeiro é quimérico, o outro é real; o primeiro se deve a preconceiros, o outro se embasa na razão; pelo órgão do orgulho, a mais falsa de todas nossas sensações, um pode tintilar um instante no coração, o ouro é um verdadeiro gozo da mente e que inflama todas as paixões pelo próprio fato de contariar as opiniões comuns. Numa palavra, um me deixa de pau duro", disse Durcet, "e sinto muita pouca coisa com o outro." "Mas será que devemos sempre relacionar tudo a nossos sentidos?", disse o Bispo. "Tudo, meu amigo", disse Durcet. "Eles são os únicos que devem nos guiar em todas as ações da vida, pois apenas seu órgão é realmente imperioso." "Mas milhares de crimes podem nascer desse sistema", disse o Bispo. "Ei, o que me importa é o crime", respondeu Durcet, "contanto que me deleite. O crime é um modo da natureza, uma maneira com a qual move o homem. Por que não quereis que eu me deixe mover tanto por ela neste sentido como no da virtude? Ela precisa de ambos, e sirvo-a tanto num como no outro. Mas ei-nos uma discussão que nos levaria longe demais. A hora do jantar vai tocar, e a Duclos está muito longe de ter cumprido a sua tarefa. Continuai, moça encantadora, continuai, e ficai certa de que acabastes de nos confessar uma ação e sistemas que vos merecem nossa eterna estima assim como a de todos os filósofos."

Trecho de Os 120 dias de Sodoma, Le Marquis de Sade.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Manifesto contra o Ser

"This summer I swam in the ocean
And I swam in a swimming pool
Salt my wounds, chlorine my eyes
I'm a self-destructive fool
a self-destructive fool"

- Loudon Wainwright III



Estou cansado de sua pompa prolixa e pedante! Seu orgulho exacerbado e filosofias mirabolantes e fabulosas, que não passam de teorias esdrúxulas para servir de auto afirmação patética e para legitimar seu fracasso como pessoa. Quanto ao seu desgosto imaturo pela sociedade, saiba que é recíproco. Seus hábitos grotescos e vícios ridículos são um cortejo de babaquices adolescentes onde reina a auto indulgência hipócrita. Tudo o que você faz é transformar sua preguiça insolente numa justificativa para sua vida de derrotado e infeliz. Suas mentiras são mal elaboradas, sua malandragem é estúpida e sua inteligência é menor do que você faz aparentar. É um misógino e um delinquente, além de tudo é criminoso. Que pague logo por seus delitos infantis antes que arrisque a segurança de uma pessoa respeitosa, pois já tivemos o suficiente de seus insultos inconsequentes e perfídias irritantes. Seu mau gosto é fascinante, ainda mais por ser ostentado com tanta opulência e tola crença em seus interesses refinados. É inapto à convivência e a prova cabal deste veredito pode ser vista em sua própria figura. É mentiroso, cruel, estúpido e viciado. Seus elogios da corrupção apelam somente aos celerados e pervertidos da pior espécie. Seu cotidiano torpe é um conjunto de acontecimentos entediantes e triviais, que só são falsamente embelezados pelo esplendor de sua embriaguez e a fuga desesperada de uma realidade onde você é fraco demais para viver. Este é o motivo de todas suas fantasias irracionais e pseudo filosofias alucinadas. Não é surpresa que sua existência se dê de forma tão desprezível e solitária, qualquer pessoa com o mínimo de respeito por si mesma e por qualquer outro, ao contrário de você, não pode deixar de se sentir ultrajada pela sua presença desagradável. Este é só o prelúdio de uma grande lista de fatores que o tornam o que é: a manifestação repugnante do delírio de superioridade preguiçoso e limitado. Um detalhe ridículo cuja menção se faz interessante é a sua teimosia tão covarde que o impede que comita o rito final dos fracassados. A execução por lei simplesmente lhe daria o conforto de não ter nem mesmo a responsabilidade de lidar como um homem com o fardo que é a própria sentença.

"How can I let this slip through my suspicious mind?
I do not care about your opinions anymore.
They mean nothing to me.
A reckless past catching up to me... and for what?"

- Fooling the Weak, Make a Change... Kill Yourself (II, 2007)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Vigário

"Cause I need to watch things die from a distance
Vicariously I live while the whole world dies
You all need it too, don't lie"

- Tool



Em minha torre de pedra observo tudo. O espetáculo babélico da ordem primal. Meus olhos torpes são órgãos copuladores, causam espasmos lúbricos quando estimulados pelo cenário lúgubre do matadouro. A crueza da carne, exposta e mutilada, ejaculando sangue e merda, as massas viscerais disformes pulsando ao som do desespero, ecos abissais da dor. O pus blenorrágico escorre sobre a pele alva e lasciva da vítima. O som de um disparo, a certeza de um cadáver, o triturar lento dos ossos, o licor emético da podridão, o sangue que escorre de maneira indulgente, maculando o mundo em seu vício de se espalhar, fluindo e criando o oceano vermelho que inunda esta terra santa abandonada. O prazer crapuloso do voyeur que assiste e aprende, gosta e goza com o êxtase maldito da tragédia. Elixir sensorial e sensual que é a gênese de todo prazer. Delírios sádicos e intensões calamitosas permeiam meus desejos mais vorazes. Mas assisto pacientemente, espero, me regojizo na queda eminente de toda essa raça. Admiro a aptidão do assassino e sua astúcia letal, o poder destrutivo do fogo e do aço, a opressão despótica sobre a presa e o controle soberano e edílico sobre a vida. A insanidade caótica e cínica do psicopata é digna de sua canonização na catedral da dor. A exatidão cartesiana nos designios de um torturador celerado e cruel e a precisão fria do executor são os atributos que constituem os valores nos códigos do desregramento a que são fiéis nossos grandiosos vilões. Campeões celerados e pérfidos que são protagonistas das fábulas mais fascinantes que os homens ingênuos temem, mas desejam. Não há um véu de aparências, a verdade é exposta como um cadáver eviscerado. A hecatombe humana é uma apresentação sem fim, mas nunca é desinteressante mesmo para aqueles cujos gostos são os mais refinados e implacáveis. Reduzo minhas presas a seu sucubato servil. O furor do vício eclesiástico e devasso estimula a cólera lúbrica dos meus golpes imperiosos. A deliciosa volúpia do assassinato é uma maquinação constante na fábrica de atrocidades que é o cérebro entorpecido do criminoso santificado. O fiel sempre observará com deleite o perpétuo desfile de monstruosidades e criaturas oniródinas em sua ruína mais imunda, o membro fantasma de aberrações mutiladas acaricia o ventre alvo e puro da virgem desecrada. Sou o vigário, mestre da masmorra e observador rapineiro. Meu cárcere é o obelisco de rocha e metal em que confabulo com languidez. O vício engendra a doença da alma. A náusea provocada pelo miasma fétido da podridão humana inflama o ódio e desafia a sanidade. Deve-se abraçar todos estes prazeres atrozes com ávida determinação, pois o crime é por demais grandioso para ser simplesmente admirado. Uma gargalhada doentia anuncia o despertar do algoz. Torrentes rubras escoarão pelas vias de pedra ao comando do tirano. Que a carnificina comece.


"Pois, diga-se de passagem, embora o crime não possua o tipo de delicadeza encontrado na virtude, não é ele sempre mais sublime? Não tem um carater constante de grandeza e sublimidade que prevalece e sempre prevalecerá sobre os encantos monótonos da virtude? Quereis falar-nos da utilidade de um ou de outra? Será que nos cabe sondar as leis da natureza, ou decidir se, sendo-lhe o vício tão necessário como a virtude, ela talvez nos inspire de modo igual um pendor para um ou para outra, em razão de suas necessidades próprias?"
- Marquês de Sade

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Siegfriedblut




Carregamos este fardo em nosso sangue. É a dádiva do herói em seu sentido puro, profundamente trágico e moralmente neutro. A mitologia nórdica e o ciclo de óperas Der Ring des Nibelungen são um monumental retrato deste espírito que era comum entre o povo bárbaro e transcendeu sobre a era cristã em algumas localidades como a Escandinávia, onde a relação dos escandinavos com sua terra natal e suas raízes pagãs ainda constitui um vínculo forte com um passado no qual os homens não eram subjugados por suas próprias ideologias e dogmas na figura fantasmagórica de um poder onipotente supremo. Estes indivíduos tinham maior liberdade, mas não num sentido ingênuo e idealista, a liberdade era fruto de sua sabedoria, que por costume passou a ser contada entre as pessoas, para seus descendentes e assim por diante. Esse compêndio de estórias poeticamente ricas, com um sentimento épico imaculado de dogmas morais, veio a formar os panteões, divindades e criaturas mágicas que, interagindo com os homens e com os mortos, retratavam as diferentes facetas de visões maduras dos sábios, modeladas pela melodia dos bardos e ardendo com a coragem dos bravos. A coragem era admitida pela teoria dos humores como comportamento análogo à quantidade de sangue que circulava no corpo da vítima. Esta coragem pode ser também atribuida a este conhecimento bárbaro modelando a figura de Siegfried. O grande herói corrompido, uma espécie de ser amaldiçoado pelo destino, neste caso sendo fruto de um adultério incestuoso (assim como Mordred nas lendas arthurianas). Mas o seu destino não foi somente mórbido, foi glorioso! Siegfried era a esperança de Wotan para evitar a precipitação do Götterdammerung, quando Valhalla seria incinerada pelas chamas do esquecimento. Siegfried sempre foi astuto, mas não havia sido grandioso. Era impaciente com Mime, o anão que o criara e que secretamente sabia de toda a história de Siegfried e não o contara. Foi quando o anão lhe contou a história do poderoso dragão Fafner que possuía o Anel de Nibelungen e reforjou a espada Nothung que conseguira com a mãe de Siegfried para fazer com que este matasse o dragão e Mime pudesse se apossar do Anel. Logo que a espada ficou pronta, o herói partiu a bigorna ao meio com um golpe preciso, demonstração de que aquela era a arma apropriada para a batalha. O dragão era o poder absoluto na forma fantástica de um monstro terrível, mas Siegfrieg representava a frieza e a temerariedade daquele que por se reconhecer como superior, se considera conhecedor da vida e poderia arriscar-se sem fraquejar em frente ao mais grandioso desafio. O golpe fatal penetrou a pele escamosa do dragão e derramou uma torrente do seu sangue sobre Siegfried. Este viu que o sangue lhe cobria os dedos e os queimava e instintivamente os colocou na boca. Foi quando pôde sentir. A consciência plena e instantânea induzida por um elixir maravilhoso: o próprio sangue, a sabedoria do dragão foi assimilada por ele numa revelação ritualística, o que o tornou tão astuto que possuiu o Anel e descobriu intuitiva e logicamente quais eram os verdadeiros planos de Mime, que o criou e treinou como um simples instrumento para conseguir o ídolo de toda sua obsessão. Aí está a vontade peçonhenta que mente e manipula para conseguir o que quer. Mas o herói consegue distinguir o falso do real e vê através das máscaras das cobras. Siegdried assassinou Mime rapidamente. Seus objetivos eram maiores. Ele se tornara agora plenamente consciente de seu poder e de como poderia usá-lo desafiando a todo tipo de lei, a tradição, a promessa e as divindades! Siegfried foi um ser livre de medos e de laços, o que o tornava alguém que era senhor de sua própria liberdade, mas ele não escapou das influências das próprias paixões infladas pela vontade ardente e pelo desejo incontrolado. Além disso, nasceu maldito, ele tinha o espírito profundamente altivo e a frieza emocional dos sábios. Teve uma morte trágica, mas com ela, a destruição materializada pelas lâminas de homens traiçoeiros que o acertaram em seu único ponto vulnerável: seu coração. O sangue do dragão supostamente não cobriu este ponto de suas costas pois uma folha havia pousado sobre sua pele pouco antes do sangue escorrer pelo seu corpo. Uma simples folha, uma fatalidade meramente mecânica e causal, ironia mórbida do acaso, ou alguma trama superior ao entendimento terreno? Eis o ponto onde a especulação filosófica racional se parte como numa encruzilhada nas expedições mentais pela filosofia e pela fantasia. A estrada se divide em duas: a do que é estritamente racional e materialista, portanto vazio de qualquer valor e com um fim fatalmente visível num precipício; ou a estrada nebulosa, entorpecida pelas brumas que oprimem a atmosfera com o mistério. O desconhecido é o devaneio, a arte, o delírio, a loucura, é também conhecimento! Profundamente fenomenológico e rico em experiências e idéias extravagantes, pensamentos quiméricos mais aterrorizantes que o dragão Fafner e a genialidade da poesia que expressa em si uma verdade sobre o universo, sobre a vida como um todo. Mas essa experiência, por ser subjetiva e individual, não pode ser garantida por um método de interpretação racional e niilista, torna-se um nada desprovido de existência e reduzido ao esquecimento. Valhalla queimou com a queda de Siegfried. Este mesmo quebrou a lança de Odin, mas antigo dos deuses. É um fim onde não há uma lição de moral manipulada para distinguir o que deve ser considerado certo do errado de maneira absoluta. É um fim onde a destruição dá um fim a tudo, pois é de uma sabedoria não só racionalista que a morte abate tudo que existe. O fim é garantido para tudo que ainda não teve um. Nem homens nem deses permanecem no mundo, não são nem nunca foram matéria em nossa dimensão. Eles são os sonhos, as idéias, as histórias antigas que são contadas sem pretensão de influência, mas que instigam quem as conhecem a deixar sua mente se aventurar neste épico de uma forma não comovida pelo drama, mas inspirada pelo espírito da tragédia.



Esta é uma idéia poderosa quando cai nas mãos dos que não são mais os anciãos bárbaros de um passado distante, mas astutos líderes que transformam a tragédia mitológica numa ideologia nacionalista, provocando todo um povo, hipnotizado pela sua própria ilusão de grandeza num gesto desesperado para se livrar da depressão de uma era de miséria, a entregar suas mentes a um governo totalitário e expansionista. A queda do Terceiro Reich não põe um fim a essa cruzada megalomaníaca pela dominação e pelo poder absoluto encarnada numa figura que nossa cultura adora odiar, Hitler. Este foi um homem, a encarnação de um indivíduo que retirou um povo decadente na baixeza podre da sub-existência. Mas a queda deste não significa o fim do fenômeno, repito. Ele não foi o primeiro e não o último. Porque esses homens não são indivíduos. Eles são grandes figuras construídas como fantoches para inspirar num povo um sentimento completamente devoto aos interesses de uma elite que sempre manipula o fantoche enquanto camuflada pelas sombras. Essas elites não se dissolveram, elas encontraram o ambiente perfeito para estenderem como nunca antes os seus tentáculos pelo mundo capitalista. A criação de ídolos populares adequados às expectativas e ideais (frutos da influência ideológica das próprias elites) é uma estratégia ainda utilizada pelos predadores que dominam a civilização em alcateias extremamente estruturadas. Os verdadeiros líderes ficam nas sombras. Quem representa são os fantoches, manipulado pelo interesse mais primitivo do homem: poder. O Anel de Nibelungen de nossa era não passa de papel. Dinheiro. Vulgar, frágil, sem qualquer valor, mas capaz de comprar qualquer maravilha. Quanto mais avança o sistema, mais sem importância se torna o dinheiro em si, mas o crédito, a opressão, a escravidão e a dominação, o exercício de um poder absoluto que nega qualquer construção social de Estado de Direito e é ligada a essa obsessão primitiva já retratada nas mais antigas histórias. A ganância de Mime, que criou e manipulou Siegfried desde seu nascimento, mas não contava com sua voraz superioridade. O sangue de dragão do herói não é algo para ser modelado por qualquer axioma ascético e utilizado para satisfazer os interesses de um Demiurgo material. Mime nunca ensinou o medo a Siegfried, que sempre alimentou uma curiosidade sobre este sentimento que era tão misterioso para ele. A poção é o símbolo da destruição. Destino inevitável de tudo que existe. Aqueles que a ingerem podem fazer duas escolhas: ter a audácia de percorrer as neblinas do caminho do lobo tendo o conhecimento de que as brumas também o levarão ao precipício... ou se arrastar por uma longa existência numa densa ilusão forjada da pureza de um delírio. Servindo finalmente de sacrifício para alimentar a máquina de um Valhalla corrompido.

"Woher ich stamme,
rate mir noch;
weise ja scheinst du,
Wilder, im Sterben:
rat' es nach meinem Namen: -
Siegfried bin ich genannt. "

(Siegfried, Der Ring des Nibelungen; Richard Wagner)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Homo homine lvpvs



O palco está pronto para a tragédia primitiva: A traição, o ódio, a ganância, a ira, a vingança, a loucura... todas as facetas primordiais do homem. Seus pecados naturais, sua inclinação viciosa para o infinito. Uma fome de destruição, a cólera crepita no coração negro daqueles amaldiçoados por seus atos. A necessidade crescente que gesta o predador cruel não se sacia perante e reduzida a si mesma. É preciso expandir, conquistar, dominar e consumir. Como Fogo do Inferno deve se alastrar pelo universo e reduzí-lo ao zero. A não existência perfeita. Para atingir este fim sinistro, nenhum obstáculo é intransponível. Sua vontade aristocrática se impõe facilmente sobre os cordeiros e outras presas fáceis. Suas vidas limitadas não são páreos para seu conhecimento voraz. Todas as finas cordas metálicas arranjadas para manipular as marionetes vazias são puxadas com maestria. O contato com outros predadores é sempre intenso. A hostilidade é constante, mas atenuada pela máscara orgulhosa do calculista. Talvez consiga daqui um aliado, um inimigo, uma presa ou uma cópula. Às vezes, os papéis se confundem. É preciso dominar despoticamente aqueles mais fracos do que si. A selvageria do cenário urbano com seus prédios e construções decadentes, neons e manadas de bufalos motorizados, é mais próxima da natureza animal do que uma presa fácil pode imaginar sobre o mundo que a rodeia. O liberalismo livre e tirânico proporciona a catarse do indivíduo em sua condição essencial. Sozinho e pronto para morrer. Servir e obedecer e alimentar a máquina com suas cascas vazias, nem mesmo os fantasmas de seus egos aparecem vagamente no éter. O crime institucionalizado e alienante controlado por figuras decadentes e mesquinhas, predadores gananciosos demais, glutões malditos banqueteando-se na liturgia do poder. Mecanismos de opressão e exploração são evidentes para aqueles que não foram infectados pelas ideologias e valores morais que troçam da liberdade.
O lupino humano sempre espreita pela sombra ou na nevasca, esperando a oportunidade para desferir a investida fatal contra seu semelhante, não obstante os apelos metafísicos de profetas escravos. Mas é o momento propício, o Universo se expande como uma refeição infinita de entranhas. O sangue vermelho é negro, exceto quandro brilha ao luar pálido e insistente. A esfera celeste branca oprime a vontade e atormenta os sonhos. As feras devem caçar. A temporada está aberta. Os disformes e pontiagudos dentes dos lobos retalharão suas presas. A lua ilumina a carnificina como o olho de um demônio. O terceiro olho de um louco é a lua. Saber demais, querer demais. Não há mais tempo para maquinações, o espetáculo deve começar de uma vez por todas. Atores não fingirão, as máscaras cairão. As fantasias serão esmagadas pelo punho de ferro indiferente da verdade. Ao fim deste espetáculo, as cortinas não fecharão, nem as feridas profundas em sua alma e em seu corpo. A escuridão abissal de suas pálpebras encerrará sua patética existência. Devorarei em seu último suspiro o miasma fétido do seu Ser. A lua é impaciente, os deuses estão mortos. Gargalho com escárnio do poder que me inspira. Um poder mais forte que a vontade: maldição! Sangue negro e rançoso escorrerá pelas calçadas e canais nas cidades da civilização, império brutal de Fenrir.


"Get it up, get it down til you hit the ground,
Get a rude attitude, turn the world around,
Shall we see, shall we disagree,
All In The Name of Tragedy"

- Lemmy Kilmister


domingo, 1 de novembro de 2009

Olhos Vítreos

És uma Dama sedutora
De olhar frio e distante
Fragmento de uma visão aterradora
De sonhos febris
Minha sanidade vacilante e infeliz

Pele alva, muito pálida
Monumento cheio de loucura
Ferve meu sangue
E indiferentemente, me tortura

Uma presença desafiadora
Um jogo perigoso
E um ideal perdido
Alimentam a tentação controladora

Somos predadores por natureza
Os pecados são armas inatas
Seus falsos vícios são virtudes
Sua astúcia rivaliza a minha, mordaz

Sonhos sádicos de dominação
A vontade de lhe derrotar
Consumir, possuir
Alimentam a chama de minha paixão:
maldita

Fora de meu alcance
Conhece cada nuance
De minha idealizada
Musa decapitada

Hiperbórea Valquíria guerreira
O conforto ascético e ansiado
Ilusório numa vida sem honra
De um espírito por si mesmo envenenado

A tensão frágil da mentira
Não suportará a minha ira
Basta! Devo decidir:
Sacrifico a mim ou a ti?

Não é um grande dilema.

"It's a wicked game to play..."
- Chris Isaak