terça-feira, 3 de novembro de 2009

Homo homine lvpvs



O palco está pronto para a tragédia primitiva: A traição, o ódio, a ganância, a ira, a vingança, a loucura... todas as facetas primordiais do homem. Seus pecados naturais, sua inclinação viciosa para o infinito. Uma fome de destruição, a cólera crepita no coração negro daqueles amaldiçoados por seus atos. A necessidade crescente que gesta o predador cruel não se sacia perante e reduzida a si mesma. É preciso expandir, conquistar, dominar e consumir. Como Fogo do Inferno deve se alastrar pelo universo e reduzí-lo ao zero. A não existência perfeita. Para atingir este fim sinistro, nenhum obstáculo é intransponível. Sua vontade aristocrática se impõe facilmente sobre os cordeiros e outras presas fáceis. Suas vidas limitadas não são páreos para seu conhecimento voraz. Todas as finas cordas metálicas arranjadas para manipular as marionetes vazias são puxadas com maestria. O contato com outros predadores é sempre intenso. A hostilidade é constante, mas atenuada pela máscara orgulhosa do calculista. Talvez consiga daqui um aliado, um inimigo, uma presa ou uma cópula. Às vezes, os papéis se confundem. É preciso dominar despoticamente aqueles mais fracos do que si. A selvageria do cenário urbano com seus prédios e construções decadentes, neons e manadas de bufalos motorizados, é mais próxima da natureza animal do que uma presa fácil pode imaginar sobre o mundo que a rodeia. O liberalismo livre e tirânico proporciona a catarse do indivíduo em sua condição essencial. Sozinho e pronto para morrer. Servir e obedecer e alimentar a máquina com suas cascas vazias, nem mesmo os fantasmas de seus egos aparecem vagamente no éter. O crime institucionalizado e alienante controlado por figuras decadentes e mesquinhas, predadores gananciosos demais, glutões malditos banqueteando-se na liturgia do poder. Mecanismos de opressão e exploração são evidentes para aqueles que não foram infectados pelas ideologias e valores morais que troçam da liberdade.
O lupino humano sempre espreita pela sombra ou na nevasca, esperando a oportunidade para desferir a investida fatal contra seu semelhante, não obstante os apelos metafísicos de profetas escravos. Mas é o momento propício, o Universo se expande como uma refeição infinita de entranhas. O sangue vermelho é negro, exceto quandro brilha ao luar pálido e insistente. A esfera celeste branca oprime a vontade e atormenta os sonhos. As feras devem caçar. A temporada está aberta. Os disformes e pontiagudos dentes dos lobos retalharão suas presas. A lua ilumina a carnificina como o olho de um demônio. O terceiro olho de um louco é a lua. Saber demais, querer demais. Não há mais tempo para maquinações, o espetáculo deve começar de uma vez por todas. Atores não fingirão, as máscaras cairão. As fantasias serão esmagadas pelo punho de ferro indiferente da verdade. Ao fim deste espetáculo, as cortinas não fecharão, nem as feridas profundas em sua alma e em seu corpo. A escuridão abissal de suas pálpebras encerrará sua patética existência. Devorarei em seu último suspiro o miasma fétido do seu Ser. A lua é impaciente, os deuses estão mortos. Gargalho com escárnio do poder que me inspira. Um poder mais forte que a vontade: maldição! Sangue negro e rançoso escorrerá pelas calçadas e canais nas cidades da civilização, império brutal de Fenrir.


"Get it up, get it down til you hit the ground,
Get a rude attitude, turn the world around,
Shall we see, shall we disagree,
All In The Name of Tragedy"

- Lemmy Kilmister


2 comentários:

  1. Preciso ter muita paciência para ler seus textos.

    [...]

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  2. Não discordo quanto ao fato de nossa pseudo criação não passar de uma sombra oca e pálida da criação divina (assim comentada por pura conveniência e para o entendimento geral) porém devemos lembrar que nosso ápice, como assim é sempre pregado pelos doutrinadores das massas e os falsos profetas modernos (malditos livros de auto ajuda), porém devo lembrar que o objetivo principal a meu ver nunca foi cumprido, tomando como vista de nosso mundo "comtemporâneo" podemos observar como o óbvio ululante, que apesar de toda nossa luta para nos aperfeicoarmos em conceito políticos sociais, tais como a democracia moderna, sistemas legais e penais, aonde a Lex Taliones é repudiada, aonde a existência do alento divino (seja lá qual deus seja o seu)não nos tornamos animais pensantes, pelo contrário, não podemos esperar gênios que nos tirem deste limbo tecnocrata, aonde a interação, a preocupação com os próximos e mesmo a convivência social morreu, uma vez que estes gênios nada mais são do que sombra e pó dos tempos em que o homem se preocupava com o único ponto que importava, a filosofia, que era o que nos trazia a busca das respostas que realmente possam importar... O homem morreu, a filosofia morreu junto com ele, somos apenas macacos com computadores, nada mais ( desconsiderem se não gostarem, estou bêbado e de mau humor, e na boa, não gostou vai a merda).

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