segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Odiai o próximo

"Give me crack and anal sex
Take the only tree that's left
and stuff it up the hole
in your cult
ure
Give me back the Berlin wall
give me Stalin and St Paul
I've seen the future, brother:
it is murder. "
- Leonard Cohen



Os que são maus nascem fortes. A moralidade é um ponto fraco, uma oportunidade, uma presa indefesa do sadismo cínico e sofisticado dos predadores. Eles se deliciam em envenenar o estimado mascote imaginário do fraco e ver este sofrer por apego ao seu próprio delírio: seus ideais. Não se aceitam os ideais como meras construções. São sempre símbolos de um bem incognoscível, manifestação de progresso, bom gosto ou glória. Tudo isso é ridículo e facilmente desvendável com algumas doses de whisky, um pico de Nietzsche e um trago de Camus. Um bom fumo também ajuda. Se preferir, a promessa da liberdade lisérgica também é formidável. O imoral é a hiena. O oportunista. Se alimenta dos cadáveres, os espíritos destruídos dos fracos influenciados por seu próprio carrasco. O imoral é sagaz, astuto. Justamente porque não diviniza valor algum. Este lobo da estepe visa seu próprio paraíso individual, eis sua beleza. Ele está em contato com sua verdadeira essência: a consciência individual de si e do isolamento. Uma simples risada vale mais do que a insignificância de mil vidas alheias. Porém, este carniceiro é tão puro que chega a ser comicamente altruísta. Ele não precisa mentir ou canalizar sua recompensa em ridículas satisfações pessoais de uma moral de rebanho. Faz porque quer, e aí está a legitimidade de seu ato. O único ato legítimo é aquele que provém da vontade. Não da condição, da aceitação, do conselho ou da etiqueta. A vontade é o mecanismo da ação, seu melhor combustível. E simplesmente porque essa é substancialmente egoísta. A crueldade é belíssma. A sublime nota que o grito desesperado entoa, a viscosidade hipnótica do sangue a escorrer. Clemências por piedade mostram a covardia intrínseca do seu egoísmo natural. A dor. É um delírio dos sentidos. Um trago quente que queima as entranhas e revigora! O sabor amargo de sentimentos feridos e o aroma acre da ofensa definem o ambiente do delicioso território do Abutre. Este é um aristocrata. Um homem único. Com uma mente iluminada, este verme que se mistura aos demais no banquete da carne podre deste sulfuroso planeta. Ora se mistura e ora se distingue. Possui semelhantes, mas nunca é igualitário. Sempre é mais ou menos. E até mesmo quando se aceita como menos, o faz para zombar de seu companheiro necrófago. A brutalidade é um dom, meu caro. O sadismo é o deleite de nossa geração perdida no pântano da indiferença. Essa selvageria social nos define e nos afia, prepara nossas garras para o abate. Não se esqueça: o universo é um filho da puta, havemos de nos vingar. É só quando seus intestinos vazam pelo abdômen dilacerado que os ascetas percebem sua mortalidade e começam a estimar sua carne mais que seus preciosos valores. Ela merece. Bem vindo à alcateia.

"Give me back the Berlin wall
Give me Stalin and St Paul
Give me Christ
or give me Hiroshima
Destroy another fetus now
We don't like children anyhow
I've seen the future, baby:
it is murder."



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