quinta-feira, 3 de setembro de 2009

"Delírio de Barris"

Feito um doidão ouvindo óperas de Wagner alto pra caralho às 4 da manhã com um cinzeiro imundo transbordando, lixo pra todos os lados, cinzas de cigarro, latas de cerveja, lendo uma novela psicótica de Philip K. Dick com roupas de sair. Manchas de tártaro e catarro por aqui e por ali. dezenas de livros perdidos no caos pós-apocalíptico de um quarto fedorento sempre com as cortinas fechadas e uma pequena fresta na janela para que a fumaça saia um pouco. só um pouco. um gato preto dormindo, caixas e papéis mijados pelos animais e objetos inestimáveis espalhados pelo chão se misturando ao lixo indiferente. As paredes com a tinta falhada e gasta, às vezes arrancada, pelos pôsteres de bandas que nem se ouve mais e uma arma em réplica pendurada junto a eles, estrategicamente inclinada e apontada para a cabeça de quem ousar dormir nesta cama suja e manchada e bagunçada. somente alguns insetos ousam desbravar as vastidões do desperdício humano. somente os bravos demais para serem insetos. veneno na gaveta e a piteira na boca. procrastinando estudos, trabalhos, leituras, prazos, promessas. Curtindo o Rheingold wagneriano e pensando, dentro de si, enquanto carrega o cinzeiro a cair bitucas da poltrona ao computador e vice versa, ponderando e especulando a seguinte questão: como as coisas chegaram a este ponto?

"You musta' been high"
- Tool


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